A Agrimútuo - Federação de Estruturas Financeiras Cooperativas, FCRL, em parceria com o Município de Serpa e o Museu do Cante Alentejano têm a honra de o convidar para a exposição de fotografias de Rafael G'Antunes, intitulada de "Memória Cantada", que decorrerá de 3 a 31 de Outubro, no Museu do Cante Alentejano, em Serpa.
Tendo por premissa que a percepção do mundo, e da própria vida, tem vindo a ser moldada pelas forças em conflito da globalização e da identidade, Rafael G´Antunes rumou ao sul de Portugal para a materialização deste corpo de trabalho. Foi ao encontro de uma forma de cante polifónico que era usual acompanhar Mulheres e Homens no trabalho agrícola manual. Caído em desuso com o surgimento da industrialização no País nos finais do século XIX, era – e ainda hoje é (2019) – uma forte manifestação de Património Cultural Imaterial.
A revolução das tecnologias de informação e de comunicação transformaram a noção de tempo e de espaço, mediante a criação de um espaço de fluxos e de um tempo atemporal. Esta nova forma de organização social, que penetra em todos os níveis da sociedade, tem vindo a ser difundida mundialmente, abalando instituições e transformando culturas.
Dentro deste panorama, como é que expressões de identidade colectiva, assentes na sua singularidade histórica e cultural, conseguirão subsistir e preservar as suas características fundamentais? Serão estas expressões identitárias capazes de gerar acções simbólicas que lhes permitam continuar a dar sentido a um comportamento cultural colectivo, por forma a manter viva a memória colectiva de um povo? Continuará a ouvir-se o polifónico cante alentejano no Alentejo?
O rosto como definidor de um espaço de acção imagética e emotiva, que apela à contemplação do observador, propondo-lhe a sua própria construção narrativa, e, simultaneamente, convidando-o a dar a sua interpretação psicológica à pessoa representada.
Rostos que representam não só as pessoas retratadas, como também fazem alusão ao Povo que, durante décadas, muitas, trabalhou os campos agrícolas Alentejanos. Um Povo "Levantado do chão", escreveu Saramago. Mas também "Povo que canta", registado por Michel Giacometti.