Nas últimas semanas, até por força da repercussão da Global Innovation Coop Summit que organizámos em Torres Vedras, têm-me perguntado sobre o que espero do meu futuro. Quando nos perguntam tal coisa, o que desejam saber é se temos na cabeça ambições mais altas, lugares mais apetecíveis, se estamos disponíveis para ser ministros ou secretários de Estado, administradores de grandes empresas ou de um grande banco comercial. Noto que a minha resposta não satisfaz, como se ninguém acreditasse que, na minha cabeça, o lugar de presidente da maior Caixa Agrícola de Concelho único no país é um projeto que me ocupa por inteiro e realiza plenamente.
Tentarei explicar a razão de uma forma um pouco mais clara. O que me motiva não é, em primeiro lugar, apresentar os melhores resultados – e apresentaremos a seu tempo o melhor ano de toda a história de uma Caixa fundada em 1915. Os resultados, o negócio puro e duro é importante. Assim como é relevante o respeito pelas regras de um jogo em que somos parte de um todo. Porém para mim, o decisivo, o que verdadeiramente me encanta, é estar do lado dos que vendem uma ideia de Bem. O ser um cultor de uma constatação objetiva: o Bem vende, o Bem é um negócio em que todas as partes ganham… na minha opinião vencem a duplicar, o que não é de somenos importância, o lucro através da venda do sentido das coisas multiplica resultados. O bem atraí o bem, é reputacional.
Conhecemos inúmeras estórias de pessoas que ganharam uma dimensão extraordinária a partir do momento em que investiram o seu tempo e o seu dinheiro num projeto global ancorado no bem comum e numa partilha com pessoas e comunidades. Rockefeller, o primeiro bilionário americano, tornou-se outro quando vários achaques o convenceram de que não duraria muito tempo. Problemas digestivos graves, uma alopecia exuberante e uma tristeza profunda que o obrigaram à procura de um sentido. Tinha 50 anos e começou a fazer o Bem. Tornou-se o filantropo dos filantropos, foi um verdadeiro cooperativista. Financiou como nenhum outro a educação, fundou a Universidade de Chicago e dezenas de institutos. Ainda hoje a bolsa Rockenfeller é uma das mais procuradas pelos estudantes de elite. Foi precisamente essa procura de um sentido que lhe permitiu viver mais meio século. Morreu de velho, feliz e muitíssimo mais rico do que antes de investir o dinheiro no bem comum.
Podia falar também de Calouste Gulbenkian, da família Rothschild e de tantos outros que se tornaram maiores por investirem no lado certo do espelho. Ganharam ainda mais dinheiro e ficaram absolutamente tranquilos na sua consciência, logo mais felizes, menos apoquentados e com mais qualidade de vida.
Não me perguntem sobre o futuro, sobretudo os meus amigos. O Bem é futuro que chegue, isso é a única coisa que sei. Venderei o Bem até ao fim dos meus dias. Acredito que, nessa premissa, terei melhores clientes e mais escolha. Sem que isso me iniba, muito pelo contrário, de continuar a dizer "sim" ou "não" em operações de crédito ou outras quaisquer. Essa é a única publicidade que importa. A publicidade da confiança e da certeza que todos têm que a nossa política passa também pelo investimento do dinheiro na comunidade. Existirá alguma coisa mais gratificante?
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